Antônio Candeia Filho ( 1934-1979 ). Ou simplesmente Candeia, um dos mais fèrteis compositores da mùsica popular brasileira. O negro de jogo duro que marcava os '' desgarrados do samba '' ombro a ombro, sem pedir licença pra falsos sambistas que tem por aì. Suas composições são regadas nas coisas que sempre acreditou, sua marcação rìtmica e sua melodia são duma força rara. Candeia era o estìmulo que alimentava a grande famìlia dos partideiros, nos seus pagodes tinham sempre lugar os companheiros de verdade.
O partideiro Candeia era ìmpar em tudo que se fazia. Apresentava-se sentado em dua cadeira de roda. O pagode sentia sua falta, a turma não sossegava enquanto Candeia não chegava e puxava um partido-alto, seguro de que contava as dificuldades do crioulo no morro. Foi compositor da Escola de Samba Portela, atè o dia em que percebeu com mais profundidade, as sutilezas imundas das sociedade segregacionista, para com o seu povo. Pulou fora da portela e foi assentar as bases do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Samba Quilombo , em 1975. Aì determinou o verdadeiro espaço dos partideiros, que não mais seriam manuseados nos três dias de carnaval, de lantejolas e paetês para turistas e otàrios aplaudirem. O Carnaval para Candeia, è aquela autêntica manifestação imenentemente popular, regada nos ranchos e blocos do passado. Onde não tinha a destruidora competição fabricada de propòsito para jogar o povo contra o povo, não era essa a sua verdade de sambista. E a esses perversos, Candeia respondeu num pagode regado no bom papo, no atabaque, na batida de limão, no agogô, na melodia imprevista e recheada de dissonâncias e divisões perfeitas, alimentando numa poesia vigorosa que brota no meio do povo.
Dia de Graça - Candeia
Hoje é manhã de carnaval... Ao esplendor
As escolas vão desfilar... garbosamente
Aquela gente de cor com a imponência de um rei, vai pisar na passarela... Salve a portela
Vamos esquecer os desenganos... Que passamos
Viver alegria que sonhamos... Durante o ano
Damos o nosso coração, alegria e amor a todos sem distinção de cor
Mas depois da ilusão, coitado
Negro volta ao humilde barracão
Negro acorda è hora de acordar
Não negue a raça
Torne toda manhã dia de graça
Negro não se humilhe nem humilhe a ninguèm
Todas as raças jà foram escravas tambèm
E deixa de ser rei só na folia e faça da sua Maria uma rainha todos os dias
E cante o samba na universidade
E veràs que seu filho será príncipe de verdade
Aì então jamais tu voltaràs ao barracão
As escolas vão desfilar... garbosamente
Aquela gente de cor com a imponência de um rei, vai pisar na passarela... Salve a portela
Vamos esquecer os desenganos... Que passamos
Viver alegria que sonhamos... Durante o ano
Damos o nosso coração, alegria e amor a todos sem distinção de cor
Mas depois da ilusão, coitado
Negro volta ao humilde barracão
Negro acorda è hora de acordar
Não negue a raça
Torne toda manhã dia de graça
Negro não se humilhe nem humilhe a ninguèm
Todas as raças jà foram escravas tambèm
E deixa de ser rei só na folia e faça da sua Maria uma rainha todos os dias
E cante o samba na universidade
E veràs que seu filho será príncipe de verdade
Aì então jamais tu voltaràs ao barracão
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Esta composição '' Dia de Graça '' de Candeia , que abre o LP gravado pela Atlantic, è um resumo das fortes idèias do compositor que morreu prematuro, quando ainda podia e ia fazer mais coisas substanciadas dentro da sua Quilombo...!
Mais um texto tirando de uma revista que tenho chamada : PARTIDO ALTO!
De um amigo chamado : Fernando Damaceno
De um amigo chamado : Fernando Damaceno